Contas feitas

As ficções de que se alimentam os partidos, que pouco mais fazem que salvar aparências e ‘épater le bourgeois’, e a percepção generalizada de que São Bento já só cumpre ordens de Bruxelas, atiram o eleitorado mais fundo no barranco da desconfiança.

A coligação, pendurada na moral There Is No Alternative, exibe uns desajeitados números que confunde com o esforçado desempenho da economia. Apesar de quatro anos de governo e da asfixia fiscal imposta.
O PS de Costa, mais atordoado que o de Seguro, insiste na austeridade de rosto humano a toque de investimento (fantasia socialista para o esbulho tributário) e recupera elevadas visões que nos deixam tementes e trementes.

Quase todos vítimas da austeridade, somo-lo sobretudo das ficções partidárias servidas em ‘prime-time’. Geradas nos estritos campos político e mediático (que reciprocamente se sustentam) disfarçam com ruído a anemia partidária e a indiferença dos eleitores ao papaguear.

‘There’s no such thing as public money’, explicou Thatcher pacientemente, ‘there’s only taxpayers’ money’. Contas feitas, é o que sobra depois da rapina do Estado que vai decidir sortes à vigésima-quinta hora de 4 de Outubro.


Diário Económico / 01.09.2015